sexta-feira, 29 de abril de 2011

Educação Pública eleitoral

Educação pública não é levada a sério pelos governos municipais, mas principalmente pelo poder executivo estadual no Rio de Janeiro. Essa afirmação pode ser comprovada por qualquer professor da rede pública estadual do nosso estado. Estamos formando uma grande quantidade de pessoas que irão compor um exército de mão de obra desqualificada, com baixos salários. Na verdade, estamos dentro de um ciclo vicioso, no qual os mais pobres utilizam os colégios públicos, que a partir deles não recebem educação formal/acadêmica com a mesma qualidade que as classes mais acima na estrutura social recebem, e que, portanto, não terão as mesmas chances de ocupar as melhores vagas nas melhores empresas, e com isso, perpetuarão a vida que seus pais conseguiram lhe proporcionar, apenas repassando-a a seus filhos.
Um claro exemplo de que educação não é vista com seriedade é o caso do processo de fechamento do CIEP da Barra (José Olimpio), em Teresópolis. Promovido pela secretaria de educação do estado do Rio de Janeiro e muito apoiada pelo deputado estadual do PT por Teresópolis, Nilton Salomão. Sob o argumento de que expandirá a Faetec, e que tal instituição ocupará toda a estrutura do CIEP. Mas por que tem que ser em detrimento do colégio regular que atende ao ensino fundamental. Somos amplamente favoráveis a vinda e ampliação da FAETEC em nossa cidade, mas nunca que se feche um colégio para abrir outra instituição, procure outro prédio ou construa um novo.
Em dezembro passado, alunos, pais e professores se mobilizaram e fizeram uma passeata em protesto contra essa ditatorial imposição, mais de 300 pessoas nas ruas. Fomos recebidos pela secretária de educação municipal, Sra Magali, que prometeu que tentaria evitar o fechamento. Porém, nada! O que nos deixa extremamente indignado, pois um dos argumentos eleitorais do PT da cidade é que se tem estreita relação com o governo estadual do PMDB de Cabral. O que já se torna uma vergonha devido ao histórico de corrupção envolvendo o PMDB em todo o Brasil. Mas, que seja, porém, onde está a estreita relação com o governo estadual, por parte da prefeitura petista, para evitar o fechamento de 517 vagas de ensino fundamental na cidade? É apenas argumento eleitoreiro, ou nada se fez com relação a essa questão?
Nós do PSOL fomos até o deputado petista Nilton Salomão para cobrar explicações sobre a questão. Levamos um abaixo-assinado e nos foi prometida uma reunião com o mesmo. Sendo que, o máximo que conseguimos foi uma reunião com uma de suas simpaticíssimas assessoras.  Não desistimos,  no início do mês de março, sabendo que o liso deputado se encontrava num evento no hotel Alpina, saí de casa e o interpelei pessoalmente, para sua enorme surpresa, na saída do evento. O mesmo me prometeu que sentaríamos para conversar sobre o assunto, mas até agora nada!
Acreditamos que o deputado não tem a menor noção da gravidade que é fechar 517 vagas de ensino fundamental numa instituição pública, numa cidade como Teresópolis, que passa por um processo de expansão de sua população e tem um agudo processo de favelização. Tal aumento demográfico deve-se, sobretudo, às classes mais pobres, que são as principais usuárias dos serviços públicos oferecidos por estado e município. Deputado, precisamos aumentar a oferta de vagas, e não fechá-las! Com essa medida o senhor estará superlotando outras instituições públicas congêneres, e com isso, anulando qualquer avanço didático que possamos elaborar em nossas salas de aula.
Para termos uma saúde e segurança pública eficiente precisamos primeiro de uma educação pública eficiente. Pois, quando não temos, jogamos fora gerações de jovens que podem ingressar no crime por falta de melhor perspectiva, ou jovens adolescentes que engravidam aos 13, 14, 15 anos, colocando no mundo mais um pobre coitado que terá, quando criança, uma escola que também perpetuará sua condição de pobreza.
Professor André Braga

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