quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

"Sociedade segura é a que dá perspectiva para os jovens": Marcelo Freixo na Folha de segunda, 6/12

MARCELO FREIXO (Colaboração para a Folha)

Quem são as principais vítimas da violência no Rio de Janeiro? Não há dúvida: jovens pobres, negros, das favelas, da periferia, de baixíssima escolaridade.
Um negro tem três vezes menos chance de chegar aos 19 anos do que um branco. Caracteriza-se assim um genocídio: estima-se que, em cinco anos, mais de 30 mil jovens terão morrido à bala. Antes mesmo de perder a vida, já terão perdido o sentido dela. Não costumam carregar ideologias ou sonhos.
Precisamos encerrar esse ciclo. Sociedade segura não é a que tem muita polícia, mas a que garante perspectiva de vida para seus jovens. Investir em políticas públicas para a juventude, educação de qualidade, saúde, lazer, oportunidades. E propor um programa de anistia que crie outro futuro possível para quem hoje está no crime.

Tudo isso é muito mais barato e eficaz do que o gasto público com presídios. Nossas prisões são lugares muito caros para só tornar as pessoas piores. Não passam de fábricas de monstrificação. São as prisões da miséria. É o decreto da pena de morte social. Trancafiar por um, dois, três anos, jovens que, na maioria, cometeram delitos leves significa o mesmo que abrir mão de suas vidas. E é preciso construir agora outro futuro para o Brasil.

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Marcelo Freixo, 43, deputado estadual (PSOL-RJ), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Título original: Sociedade segura é a que dá perspectiva para os jovens
Fontes: Folha de S. Paulo, 6 de dezembro de 2010, seção Opinião;
http://www.psolzonasul.org/2010/12/sociedade-segura-e-que-da-perspectiva.html#more


Posição do Núcleo

Enquanto não se destinar maiores quantias dos orçamentos governamentais para a educação, nossa sociedade será uma permanente fábrica de miseráveis. Sociedade segura é certamente a que tem mais escolas e mais oportunidade iguais de crescimento do cidadão.

Não se pode cobrar cidadania de alguém que não conhece esse conceito. Pois, lhe foi tirado a coleta de lixo do morro onde mora; algum parente morreu em seus braços por falta de atendimento nos açougues públicos, que a turminha do PMDB chama de hospitais; ou seu filho fica durante toda a tarde e a noite sem fazer nada, pois os colégios não são integrais.

Não se trata de segurança pública sem educação, são questões indissociáveis.

Saudações,
Coordenação do Núcleo Teresópolis.

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